Políticas e práticas de inclusão escolar no Colégio de Aplicação da UERJ: impactos sobre a cultura escolar (2012-2016)
Políticas e práticas de inclusão escolar no Colégio de Aplicação da UERJ: impactos sobre a cultura escolar (2012-2016)
Coordenação: Profª Drª Rosana Glat
Financiamento: CNPq (Bolsa Produtividade em Pesquisa 1-D), FAPERJ (Cientista do Nosso Estado, Bolsa de Iniciação Científica), UERJ (Prociência, Bolsa de Iniciação Científica)
O objetivo geral da pesquisa foi analisar o processo de inclusão e escolarização de alunos com necessidades educacionais especiais no Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (CAp-UERJ). Devido aos critérios de ingresso por exame de seleção, os colégios de aplicação das universidades, como o CAP, e outras instituições escolares consideradas “de excelência”, mantinham, historicamente, um perfil de alunado acadêmica e socialmente relativamente homogêneo. Porém, face às políticas de inclusão, esses espaços passam atualmente pelo desafio de receber alunos com diferenças significativas em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem, requerendo uma reorganização do seu projeto político pedagógico, práticas de ensino e construção de ações pedagógicas e estruturais que demarcam mudanças significativas na cultura e cotidiano escolar.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, desenvolvida no decorrer de três anos, tendo como abordagem metodológica o estudo de caso do tipo etnográfico. Procedimentos de coleta de dados incluíram análise de documentos; entrevistas semiestruturadas com gestores, professores do ensino comum e do AEE, estagiários mediadores; e observações de campo.
Como em outras instituições, a inclusão de alunos com deficiências e outras condições atípicas de desenvolvimento no Colégio de Aplicação da UERJ é um processo em construção, que está sendo, gradativamente, customizado para atender à realidade da instituição. A análise da triangulação dos dados mostrou que é possível, sim, incluir no ensino comum alunos com necessidades educacionais especiais, na medida em que a escola está se articulando para lhes oferecer condições didático-pedagógicas e de recursos humanos e materiais que possibilitem sua aprendizagem e desenvolvimento. Entre essas, destacam-se alguns indicadores considerados indispensáveis para a implementação desse processo, a saber: serviço de suporte especializado; trabalho colaborativo entre equipe pedagógica e de gestão, professores do ensino comum e professores/profissionais de suporte da Educação Especial; desenvolvimento de Planos Educacionais Individualizados(PEI) para esses alunos, com flexibilidade curricular e de avaliação. Observou-se um movimento de transformação na cultura escolar, que passa pela valorização e aceitação por parte dos docentes do suporte oferecido pelos professores especializados. Como nas demais escolas, públicas ou privadas, essas condições não são facilmente alcançadas, em função de fatores de ordem orçamentária, político-organizacional e de concepção pedagógica. Mas o CAP-UERJ mostrou estar na direção de construir uma escola de excelência que promove a aprendizagem de todos os alunos.